Especial Dia Mundial da Alimentação

Aleitamento 2015-10-09

O aleitamento materno é a fonte de nutrição, por excelência, do recém-nascido. É provido de todos os nutrientes essências para o crescimento e desenvolvimento do bebé. É um agente protetor contra infeções, obesidade e outras doenças como asma e diabetes sendo as vantagens mútuas para a mãe e para o bebé.

A Organização Mundial recomenda que esta seja a principal fonte de alimentação até aos 6 meses de idade. A amamentação pode ser uma experiência incrível durante a qual a criação de laços e cumplicidade entre a mãe e o bebé são trabalhadas. Estes momentos devem ser de prazer para ambos.

O aleitamento contribui para a redução do peso da mãe na medida em que exige muita energia. A alimentação da mãe durante esta fase deve ser semelhante à recomendada durante a gravidez.

 

Tome nota:

 

·         Coma antes de dar de mamar de modo a evitar eventuais momentos de ansiedade que concerteza afetarão o bebé;

·         Faça uma alimentação variada. Diferentes alimentos vão conferir diferentes sabores ao leite, o que vai potenciar, futuramente. o gosto do bebé por uma maior variedade de alimentos;

·         Evite o consumo de alimentos com sabores fortes (alho, cebola, por exemplo). Estes conferem sabores fortes ao leite e podem criar rejeição por parte do bebé;

·         Evite a ingestão de alimentos com potencial flatulente (cebola, couve-flor, brócolos, leguminonas, etc.) por serem causadorers de cólicas e flautulência também para o bebé;

·         Evite o consumo de alimentos alergénicos, como o chocolate, morangos, marisco;

·         Mantenha-se hidratada! Não espere pela sede para ingerir líquidos e aumente a ingestão hídrica caso a urina se apresente escura;

·         Beba no mínimo 2 L de água por dia, fora das refeições;

·         Evite bebidas gaseificadas, podem provocar flatulência ao bebé;

·         Evite bebidas ricas em cafeína. Estas podem deixar o bebé agitado e interferir com a qualidade do seu sono;

·         Consuma alimentos ricos em Ómega-3 – fundamental para o desenvolvimento do Sistema Nervoso do bebé (peixes gordos como o salmão, atum, cavala, sardinha, óleos de peixe, sementes/óleo de linhaça, frutos oleaginosos como a noz, amendoim, amêndoa, avelã, etc.).

 

Durante o aleitamento a suplementação com ferro e ácido fólico pode estar recomendada mediante indicação do médico e necessidades da lactente.

Os ácidos gordos essenciais, mais especificamente os conhecidos ómega-3, estão fortemente associados ao desenvolvimento do cérebero durante a fase fetal e neonatal (Essential Fatty Acids and Human Brain: Chia-Yu Chang 1,2 , Der-Shin Ke 1 , and Jen-Yin Chen 3). Como tal, é  fundamental garantir um correto aporte destes nutrientes. De modo a garantir que este é feito, e porque habitualmente as doses de ómega-3 que consumimos diariamente não alcançam as recomendadas, a suplementação com Ómega-3 tem mostrado benefícios. 

Importa referir que, por inúmeras situações, nem sempre é possível manter o aleitamento materno até aos seis meses. Este tipo de situação está muitas vezes associada a uma grande tristeza por parte da mãe, consequente do conhecimento das vantagens do aleitamento materno associada, muitas vezes, à pressão exercida pelos pares sobre este assunto.

Atualmente, as fórmulas artificiais mimetizam ao máximo o leite materno. Possuem todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento saudável da criança. Felizmente, o mercado oferece-nos uma grande diversidade de produtos desde as hipoalergéneas, mais ou menos hidrolisadas, anti-cólica, sem lactose, etc., para que na eventualidade de qualquer intolerância o bebé consiga ser alimentado convenientemente.

 É importante ter atenção às seguintes situações:

 

·         a escolha da fórmula;

·         a quantidade de leite a oferecer ao bebé em cada etapa;

·         o reconhecimento dos sinais de fome e saciedade;

·         a necessidade ou não de oferecer água;

·         a preparação dos biberões;

·         os cuidados de higienização a ter com os biberões;

·         a forma como os biberões serão oferecidos.

Durante os primeiros 12 meses de vida, a principal fonte de alimentação do bebé deve ser o leite materno e/ou as fórmulas infantis.

O início da diversificação alimentar, bem como a progressão da mesma, está relacionado com a maturação da função gastrointestinal e renal que são fundamentais para uma digestão e absorção adequadas. Entre os 4 e os 6 meses de vida é desejável que se dê início a este processo, uma vez que os primeiros níveis desta maturação estão completos. O atraso da diversificação alimentar até aos 10 meses está associado a um maior risco de dificuldades na alimentação com impacto negativo nos hábitos dietéticos no futuro.

A diversificação pode, e deve, ser acompanhada pelo aleitamento materno até aos 12 meses de idade ou enquanto for desejado pela mãe e pelo lactente. 

A textura dos alimentos oferecidos deverá ser, até aos 12 meses de idade, progressivamente menos homogénea. Nesta altura, deverá ocorrer a inserção da criança na dieta familiar.

 

Diversificação alimentar

 

Como começar?

Conforme foi referido anteriormente, o processo de diversificação alimentar deve ter início entre os 4 (aleitamento artificial) e os 6 meses (aleitamento materno) de idade. Nesta altura, torna-se cada vez mais difícil atingir as necessidades nutricionais apenas com o leite.

Mas a questão que sempre surge é: purés de legumes ou papas?

Tendo em conta que existe uma preferência inata pelos alimentos doces e que as crianças habitualmente  apresentam uma propensão evidente para alimentos como pão, massas e sobremesas em detrimento da fruta, dos vegetais crus e cozinhados, é cada vez mais comum e expectável que a diversificação alimentar seja iniciada com os purés de legumes. Estes vão permitir treinar o paladar do bebé para diferentes sabores.

Os purés podem ter uma base de 3 a 4 legumes à qual deve ser adicionada após a confecção, 1 colher de chá rasa de azeite (por cada 150 ml de sopa) em cru.

A batata, a cenoura, a abóbora, a cebola, o alho, o alho francês, a alface, a curgete, os brócolos e a couve branca, são os legumes que devem ser usados nos primeiros meses. Após a primeira sopa, os legumes devem ser adicionados um a um com um intervalo de três dias para que seja possível detetar eventuais reações adversas aos novos alimentos. Por exemplo:

 

Dias

Legumes

1 ao 3

Batata Doce + Cenoura + Cebola

4 ao 6

Batata+ Abóbora+ Cebola

7 ao 9

Batata Doce+Cenoura+Cebola

10 ao 12

Courgete+Cenoura+Cebola

13 ao 15

Batata+Abóbora+Couve Branca

16 ao 18

Batata Doce+Cenoura+Brócolo

19 ao 21

Batata+Cenoura+Cebola+Alho Francês

 

O espinafre, o nabo, a nabiça, a beterraba e o aipo contêm elevado teor de nitrato bem como de fitato, razão pela qual só deverão ser introduzidos a partir dos 12 meses de idade.

A adição de sal às preparações culinárias das crianças está contraindicada, pelo menos, até aos 12 meses. A diversificação alimentar ocorre durante uma fase de maturação que pode ser comprometida, sobretudo a nível renal, pela a ingestão excessiva de sódio.

A carne, o peixe e os ovos são importantes fornecedores de proteína e ferro. É aconselhável a introdução da carne a partir do Segundo semestre. As carnes de frango, peru, coelho e avestruz devem ser as primeiras a ser introduzidas.

No que respeita ao peixe, deve ser oferecido a partir dos 7 meses. Os peixes mais magros como é o caso da pescada e do linguado devem ser os primeiros a ser introduzidos. Os peixes gordos como é o caso do salmão podem ser introduzidos a partir dos 10 meses, uma vez que o teor em gordura pode comprometer a digestibilidade da refeição.

O ovo é outro alimento que faz parte deste grupo. Não deve ser introduzido na sua forma inteira uma vez que a clara apresenta um alto potencial alergéneo. A gema pode ser adicionada aos purés a partir dos 9 meses (iniciar com um quarto de gema e aumentar progressivamente).  A clara só deve ser oferecida aos 12 meses.

Cereais

A partir dos 7 meses a consistência dos alimentos deve ser menos homogénea. Preparações como a farinha de pau, a açorda e, posteriormente, o arroz e a massa (8 – 9 meses), que devem ser muito bem cozidas, podem ser oferecidas. 

Leguminosas

São uma importante fonte de proteína vegetal, hidratos de carbono, minerais e fibra. Poderão ser introduzidas entre os 9 e os 11 meses de idade começando pelo feijão fradinho, branco ou preto e a lentilha sempre previamente bem demolhadas e inicialmente sem casca.

Fruta

A fruta pode ser introduzida também aos 4 ou 6 meses. Deve-se iniciar por maçã, pêra (cozidas, assadas ou em vapor) ou banana madura. Deve ser dada a meio da manhã ou da tarde ou depois da sopa. Podem ser introduzidas todas as restantes frutas, de forma progressiva.

As frutas com maior potencial alergéneo como o morango, amora, kiwi, maracujá devem ser introduzidas apenas depois dos 12 meses. Não adicionar açúcar e reservar os boiões de fruta para situações ocasionais (por exemplo: viagens).

Os frutos devem ser sempre consumidos na sua forma inteira. Os sumos de fruta vão potenciar a associação do sabor doce às bebidas e criar a rejeição pela água, única bebida que deve ser oferecida.

Lembre-se! As árvores não são torneiras!

 

Leite e Derivados

O leite de vaca (pasteurizado e UHT) não deve ser introduzido antes dos 12 (preferencialmente 24 - 36) meses de idade. A maturação intestinal incompleta da criança associada à difícil digestibilidade do leite (que se deve fundamentalmente à presença de lactose, o açúcar do leite) pedem que a introdução deste alimento seja feita tardiamente.

O iogurte no entanto, por ser um alimento lácteo fresco obtido pela fermentação do leite, apresenta uma melhor digestibilidade podendo por isso ser introduzido em idades mais precoces (9 meses). Com um importante papel pré e próbiotico, é um alimento bem tolerado, protetor de infecções intestinais e regularizador e protetor da flora intestinal. Deve ser natural, sem aromas nem quaisquer aditivos de açúcar (adocicados) ou de natas (cremoso). Pode ser adicionado à fruta e/ou purés de fruta.

As sobremesas lácteas devem ser evitadas pelo seu conteúdo em açúcar. 

 

Papas

A papa, tal como os purés de legumes, é habitualmente das primeiras preparações a ser introduzida. No entanto, pelos motivos anteriormente referidos aconselhamos a que esta introdução aconteça após a introdução dos legumes e frutas.

As papas podem ser lácteas (devem ser reconstituídas com água) ou não lácteas (devem ser reconstituídas com leite materno ou fórmula). Numa fase inicial e antes dos 7 meses devem sempre ser isentas de glúten (milho, arroz ou frutos). Após os 7 meses devem ser introduzidos os cereais com glúten (trigo, centeio, aveia) sempre de uma forma gradual.

 

Água

A água é o principal constituinte do corpo humano sendo imprescindível à realização das funções vitais. Durante a fase de aleitamento (materno ou artificial) as necessidades de água são suprimidas pela alimentação. Com o início da diversificação alimentar deve promover-se a ingestão de água em pequenas quantidades ao longo do dia.

A diversificação alimentar é um processo que deve ser levado de forma pacífica e que tem repercussões no futuro. As refeições devem ser realizadas num ambiente calmo e sem distrações, fomentando desde sempre o hábito de se sentar à mesa e em família, potenciando hábitos alimentares mais saudáveis.

A inserção na dieta familiar deve acontecer aos 12 meses de idade. É fundamental que a família adopte hábitos alimentares saudáveis e que em casa e à mesa existam apenas alimentos passíveis de ser consumidos por toda a família, nunca esquecendo que a utilização de sal deve ser reduzida. Deve então evitar-se a presença de alimentos como refrigerantes e sumos, bolachas, batatas fritas, refeições pré-confeccionadas, fritos, folhados, molhos, entre outros.

 

 

 

 

 

 

Artigos relacionados